A candidata da coligação “Por Ti, Lisboa: Benfica” já não é nova nestas andanças. Tem dois mandatos na Assembleia de Freguesia e garante que conhece as ruas e os transportes públicos, os vizinhos e os cafés que frequentam. A candidata que gostaria que lhe perguntassem pela família, como funciona o seu núcleo familiar e como são as pessoas que vivem à sua volta, afirma que não se apresenta “por ambição pessoal, mas por amor a Benfica”. Paula Portugal Mendes é militante do CDS e acredita que uma mudança é possível, até porque o seu partido se encontra bastante consolidado na freguesia. É gestora de comunicação. A esta entrevista, trouxe propostas de soluções práticas.

Como primeira grande aposta, tem na mira a Educação, não só a educação escolar – com um foco especial nas carências que encontra ao nível da Educação Especial – mas também na sensibilização para a Cidadania e para a formação de cidadãos mais responsáveis pelo seu espaço. Também aposta na transparência das reuniões da Assembleia de Freguesia, pelo que considerará uma vitória retirar a maioria ao Partido Socialista. Propõe a criação da figura do Provedor do Freguês, alguém nomeado pelas pessoas e pelas associações de moradores, por exemplo, que sirva de garante de proximidade e de eficácia na transmissão da comunicação entre a Junta e os fregueses – “ouvir antes, durante e depois”, propõe a candidata, que apontou a Higiene Urbana e o Estacionamento como os temas mais caros aos cidadãos de Benfica.

Habitação

No que diz respeito à Habitação, Paula Portugal Mendes assume que este executivo tem dado alguns passos, embora não tenham sido significativos. Como a procura é maior do que a oferta, diz, conclui que é preciso uma estratégia nacional. Assume-se alinhada com o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, pois acredita que pode ser feito um esforço no sentido de desburocratizar os processos das cooperativas de habitação, no sentido de facilitar às pessoas o agrupamento para se desenvolverem os respetivos planos. 

Estacionamento e Mobilidade

“Falar de estacionamento é falar de mobilidade”, aponta a candidata, e, como tal, estas questões têm de ser abordadas como um todo. Aponta o facto de Benfica ser uma freguesia de fronteira, como causa para uma espécie de “invasão” por parte dos carros de quem por aqui entra para a cidade. Admite que não é simples gerir os fluxos vindos de fora, nem o aumento da quantidade de carros, mas, como primeira medida, aposta na construção de um “silo auto”, e até prevê que este possa ser construído na Rua da República da Bolívia, mas que terá de haver negociações. 

Propõe que se construam mais ciclovias, desde que sejam bem pensadas e articuladas entre si. Admite que o carro é uma questão de comodidade, mas crê que as pessoas podem ser sensibilizadas para as vantagens das bicicletas em termos de sustentabilidade ambiental – e considera que Benfica até está bem servida de transportes, e que a cidade beneficia de medidas positivas como os passes gratuitos para jovens e idosos.

Quanto à questão da EMEL, e como esta foi referendada há pouco tempo, não vê justificação para se mudar aquilo que ficou decidido. Mas considera que determinadas zonas pudessem beneficiar com parquímetros – como as áreas circundantes à Estação da CP, por haver pessoas de fora que ali estacionam porque não se paga, o que retira lugares aos moradores.

Segurança

Quando se fala de Segurança, Paula Portugal Mendes considera Benfica uma freguesia segura, mas assume que gostaria de criar um sistema de “vídeo proteção” – e prefere este termo ao outro, “vídeo vigilância”, por ser mais adequado à finalidade que pretende ver implementada. Admite que já tem dois pontos previstos para a instalação da “vídeo proteção”, em articulação com a PSP e a CML, que são a Quinta da Granja, pela proximidade com o Metro e o Colombo; e o Bairro de Santa Cruz, onde já aconteceu casas serem assaltadas até com os moradores no seu interior.

A candidata do “Por Ti, Lisboa: Benfica” falou ainda de uma perceção de insegurança causada, sobretudo, pela falta de iluminação em determinadas áreas da freguesia, e defende uma articulação mais eficiente e mais rápida com a CML para trocar as lâmpadas dos postes de iluminação pública.

Património Urbanístico

Para Paula Portugal Mendes, promover um espaço digno para o Quartel do Bombeiros é “um ponto de honra”, e garante que não vai baixar os braços enquanto lhes não conseguir dar um espaço digno. Lamenta que se tenha desativado o quartel onde é agora o Hospital da Luz, e promete lutar por um equipamento que tenha condições para ter também um museu.

Higiene Urbana

No que diz respeito à Limpeza do Espaço Público, a candidata prevê que haja uma melhoria na gestão da recolha do lixo por parte da CML, pois o executivo de Carlos Moedas tem preparado um plano de recolha de lixo indiferenciado em seis dias da semana. Também chamou a atenção para o papel paralisador dos sindicatos, com os quais tem sido muito difícil dialogar. Mas, sobretudo, assume que este é um problema que carece de um trabalho de sensibilização, que deve ser feito pelas juntas de freguesia, pela Câmara Municipal, e, sobretudo, pelas escolas, no sentido de apelar ao civismo da população quanto à colocação de detritos nas ruas e nas ilhas de reciclagem.

Espaços Verdes e Sustentabilidade

Quando se fala de Espaços Verdes, Paula Portugal Mendes admite, como primeiras medidas, a requalificação do espaço do anfiteatro junto ao Fonte Nova, com equipamentos para os mais velhos, como jogos de tabuleiro; e a plantação de árvores onde já estão caldeiras vazias.

Admite que a água é um bem escasso, e para resolver o problema, a candidata aponta como solução o aproveitamento da água tratada pelas antigas ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), que agora se chamam Fábricas da Água dada a qualidade com que saem das estações. Paula Portugal Mendes admite que o seu reaproveitamento, em articulação com o projeto de drenagem e reservatórios que está a ser posto em prática pelo executivo de Carlos Moedas, deve ter como fim a rega dos jardins e a lavagem das ruas.

Apoio Social e Apoio à Juventude

Como primeira medida de cariz social, a candidata da coligação apresenta o programa “Adote um Avô” – um plano intergeracional de coabitação e ajuda mútua que sirva tanto para minorar os problemas do alojamento estudantil como o problema do isolamento dos idosos. Defende que esse plano só será possível se for realizado em estreita colaboração entre a Junta de Freguesia e as entidades que já estão no terreno, como a Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia.

A candidata também defende que as cozinhas existentes em Benfica devem alargar o âmbito dos apoios à “pobreza envergonhada”. “Não podemos deixar ninguém para trás”, disse a candidata, que defende que este é um investimento urgente que deve ser financiado pela Junta de Freguesia.

Faz, também, parte do programa da coligação uma incubadora de empresas. Na sua experiência de professora na Escola Superior de Comunicação Social, a candidata garante que fervilham ideias entre os jovens, e defende que o espaço de cowork que esteve previsto para o Palácio Baldaya deveria ser dinamizado com o apoio da Junta de Freguesia como forma de reter os milhares de estudantes que passam por Benfica.

Transparência

A candidata admite que se pode fazer muito mais no que diz respeito à Educação e ao Apoio Social, mas também no que diz respeito à Transparência. Paula Portugal Mendes admite que a maioria que existe na Assembleia de Freguesia retira força ao debate político, e lamenta que os vídeos das reuniões da Assembleia não fiquem disponíveis para posterior consulta pública. Lamenta que a maioria permita ao executivo definir as medidas antes de as levar à discussão pela Assembleia, uma vez que tem a aprovação garantida. 

Paula Portugal Mendes está convidada a participar no debate final entre todos os candidatos com assento na atual composição da Assembleia de Freguesia, a acontecer aqui, na Rádio Amparo.