Na conferência de imprensa que marcou o encerramento do XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, os participantes expressaram “profunda solidariedade e apoio para com o povo de Cabo Delgado (Moçambique), desde 2017 vítima de bárbaros atos de violência, destruição e morte, que veementemente condenamos. Exortamos de novo a comunidade internacional a contribuir para uma efetiva situação de paz”, pode ler-se no comunicado final.
Fazendo eco do apelo do Papa Leão XIV, – “guerra nunca mais!” – os bispos lamentam, ainda, as guerras em curso que afetam milhões de pessoas, especialmente em África, Europa e Médio Oriente, e deixam um apelo “aos líderes políticos que acabem as guerras e estabeleçam o diálogo para a edificação da paz”.
O XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, que se realizou este ano em Lisboa e Fátima entre os dias 9 e 13 de setembro com o tema “Viver a Paz na Hospitalidade”, contou com a participação das delegações de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, e Timor-Leste.
Na sessão de abertura, D. José Ornelas, Bispo de Leiria-Fátima e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), destacou o “processo sinodal que estamos a percorrer em todo o mundo, tanto no que toca aos recursos humanos e materiais, como na formação de agentes pastorais”. Já D. José Manuel Imbamba, Arcebispo de Saurimo e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), expressou o desejo de que as Igrejas de expressão portuguesa sejam “pontes que unem”, promovendo a cultura do encontro, a inclusão e a paz, e que possam “testemunhar e mostrar ao mundo que é possível o convívio de culturas, é possível trabalharmos todos por um mundo mais humano e fraterno e multirracial”.
Do programa, também fez parte um encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no qual se reforçou a atenção à construção da paz, e também se falou de “inclusão e acompanhamento dos migrantes, o respeito pela diversidade no contexto da liberdade religiosa, o combate às indiferenças e aos radicalismos, o cuidado da casa comum e da ecologia integral”, segundo se lê no comunicado enviado.
O encontro teve como objetivos partilhar realidades e perspetivas de futuro da Igreja em cada país, debater práticas pastorais e organizacionais, identificar programas de parceria e cooperação, e refletir sobre o papel da Igreja na construção da paz através da hospitalidade. Foram também abordados o Jubileu 2025 e a implementação do Sínodo 2025-2028. Os participantes estiveram presentes no colóquio “Fraternidade, novo nome para a Paz”, promovido pela Fundação Fé e Cooperação (FEC), no qual se destacou a importância da diplomacia da fraternidade como resposta às ameaças do crescente protecionismo. Foram ainda ouvidos alguns serviços da Conferência Episcopal Portuguesa em áreas como questões sociais, justiça, paz, migrações, educação, comunicação, liturgia, bens culturais, famílias, leigos e cooperação internacional, especialmente com países lusófonos.
Iniciados em maio de 1996, estes Encontros, que acontecem a cada dois anos, têm tido como objetivo fortalecer a comunhão entre as Igrejas dos países envolvidos e promover a cooperação entre as suas comunidades. Ficou definido que o XVII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos se realizará em São Tomé e Príncipe, de 12 a 17 de janeiro de 2027.